Em um mundo que frequentemente nos lança à velocidade e à produtividade incessante, a busca por refúgios de bem-estar tornou-se mais do que um luxo, é uma necessidade vital.
É nesse contexto que o conceito de design com alma surge, propondo uma abordagem que vai muito além da estética e da funcionalidade para criar espaços que nutrem, curam e transformam.
Defendo a filosofia de que podemos, e devemos, viver férias todos os dias, e o design de interiores é a ferramenta mais poderosa para alcançar esse estado de espírito.
Este post explora como a sabedoria do Hygge dinamarquês, a ciência por trás do design costeiro e os princípios da arquitetura terapêutica, podem ser harmonizados para criar lares que são verdadeiros templos de paz, especialmente quando adaptados à nossa exuberante realidade tropical.
A importância dos momentos de férias
A ciência tem consistentemente validado o que nossa intuição já sabia: as férias são essenciais para a saúde mental.
Um estudo publicado no Journal of Occupational Health revelou que as férias têm efeitos positivos significativos na saúde e no bem-estar, embora esses efeitos tendam a desaparecer rapidamente após o retorno ao trabalho.
Isso mostra a importância não apenas de tirar férias, mas de cultivar um ambiente que prolongue essa sensação de restauração no dia a dia.
O descanso permite a restauração do equilíbrio emocional e a recuperação da energia mental, reduzindo os riscos de burnout. Certos ambientes podem ajudar na recuperação da fadiga mental, e a natureza é um dos mais poderosos.
É por isso que a sensação de estar em uma casa de praia, por exemplo, é tão profundamente regeneradora. Esses ambientes, evocam respostas emocionais positivas, reduzem o estresse e promovem uma maior sensação de felicidade e conexão social.
O design de casas de férias, portanto, não é apenas uma questão de estilo, mas uma aplicação prática de princípios de cura. A ampla entrada de luz natural, a paleta de cores que mimetiza a areia e o mar, a utilização de materiais naturais como textura de madeira e fibras, e a conexão visual e física com o exterior são elementos que, juntos, criam um ambiente terapêutico. A arquitetura, nesse sentido, torna-se uma aliada no processo de cura e manutenção da saúde mental.
O Hygge é um pilar da cultura dinamarquesa, frequentemente citada como uma das mais felizes do mundo. Sem uma tradução literal, a palavra se resume a sensação de aconchego, contentamento e bem-estar encontrada nos prazeres simples da vida. É a arte de criar uma atmosfera acolhedora e desfrutar do presente com as pessoas que amamos.
No design, o Hygge Dinamarquês se manifesta através de:
ILUMINAÇÃO: Luz de velas, lareiras e luzes indiretas e quentes para criar um ambiente íntimo.
TEXTURAS: Mantas de lã, almofadas macias, tapetes felpudos e madeira que convidam ao toque.
CONFORTO: Móveis confortáveis, cantos de leitura e espaços que incentivam o relaxamento e a conversa.
NATUREZA: A presença de plantas, flores e outros elementos naturais dentro de casa.
A ideia de lareiras e mantas de lã pode parecer distante da nossa realidade tropical, mas a essência do Hygge é universal e perfeitamente adaptável. O Hygge Brasileiro é a minha interpretação desse conceito para o nosso clima, onde o aconchego se manifesta de outras formas. Costumo brincar que é o Hygge com o nosso borogodó.
ILUMINAÇÃO: Aproveitamento máximo da luz natural, filtros como brises e pergolados, luminárias de fibra natural que criam desenhos no ambinete. E por quê não velas? Eu depois que comecei com esse ritual de sempre ter velas perto, nunca mais parei. Além de trazerem uma sensação de relaxamento, perfumam o ambiente.
TEXTURAS: Madeiras claras como freijó e carvalhos, fibras naturais algodão e linho para tecidos.
ÁGUA: Fontes, espelhos d’água e piscinas como elementos refrescantes e contemplativos.
NATUREZA: Palmeiras, samambaias, costela-de-adão e outras plantas tropicais que purificam o ar e são práticas.
A chave está em compreender que o conforto térmico é fundamental para o bem-estar em qualquer clima. Enquanto os dinamarqueses buscam o calor acolhedor, nós buscamos o frescor revigorante que nos permite relaxar e desfrutar plenamente de nossos espaços.
Conclusão: O convite para viver em férias todos os dias
Transformar a casa em um refúgio que nos permita viver em um estado permanente de férias não é sobre negar a realidade ou as responsabilidades, mas sobre criar um contraponto diário ao estresse do mundo exterior.
É sobre entender que o design vai muito além da aparência, ele é uma ferramenta poderosa para a promoção da felicidade e da saúde.
Ao integrar os benefícios do design de casas de férias, a filosofia acolhedora do Hygge brasileiro e os princípios do design que cura, podemos criar lares com alma, que nos regeneram diariamente e nos lembram que a vida pode, e deve, ser desfrutada em sua plenitude, todos os dias.

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